A situação é crítica na zona
rural de Garanhuns, a exemplo de muitos municípios do Estado. A seca tem
castigado os produtores que não tem mais como garantir a produção da conhecida
bacia leiteira do Estado. Uma vaca que antes produzia 10 litros de leite, hoje
não chega a produzir 3 litros. Sem perspectivas os produtores ou sacrificam os
animais vivendo em uma terra e sem pasto, só o coro e o osso. Ou vende nas
feiras de gado por preços bem abaixo do mercado. Um exemplo é a cidade de
Altinho, onde uma vaca que valia R$ 1.300 reais, nos dias atuais está sendo vendida
por de R$ 550, quando encontra comprador, afinal como manter o animal saldável
e produtivo? O agricultor reconhece sua culpa nessa situação, pois não garantiu
o suporte forrageiro para suprir as necessidades do animal. Mas busca um alento
nos governos, insistentemente e sem retorno.
Melhor não contar muito com apoio
dos Governos. Reconhecem a grande maioria dos líderes sindicais. Embora o Plano
Safra 2016/2017 tenha aportado recursos de R$ 185 Bilhões para produtores
investirem em custeio e comercialização, os bancos não estão dispostos à
liberar esse recurso, temerosos pela falta de chuva. Não bastasse o desmonte de
toda a estrutura que dava sustentação á agricultura familiar, como MDA pelo
Governo Federal e Secretaria de Agricultura Familiar, pelo Governo Estadual. Em
Garanhuns os agricultores sofrem a inexistência ou inércia da secretaria de
agricultura do município. O secretário Epaminondas Borges entregou o cargo para
voltar à Universidade Federal Rural de Pernambuco onde é professor. O Secretário
de meio ambiente, Marcos Renato Mattos também seguiu seu colega. E já se
comenta que para a gestão de 2017 as secretarias serão unificadas atendendo à
agricultura e meio ambiente. Embora ainda não se saiba quem será o secretário.
Fato é que mesmo enquanto havia secretário de agricultura o produtor rural se
queixava de abandono. Agora com a seca se agrava ainda mais a falta de
atendimento. Unificar meio ambiente e agricultura pode ser uma alternativa
interessante, porém requer pessoal operacional para atuar no campo. Os carros
que abasteciam os reservatórios de água dos agricultores de Garanhuns se
resumem aos poucos cedidos pelo Exército. O IPA não tem mais nem técnicos para
garantir assistência aos produtores, que dirá equipamentos ou carros pipas.
Temerosos
de que a estiagem dure ainda mais no ano que vem, associações rurais e sindicatos
discutem a formação de uma mobilização geral para sensibilizar o poder público
municipal, pois já não acredita nas esferas Estadual e Federal. Poderão acreditar
que o governo municipal acertará, onde os outros não acertam, ou não ligam
mais? Além da falta d’água, em regiões como Miracica, Muchila, Sítio Cruz,
Distrito de São Pedro e Caluete, entre outros reina a lei do salve-se quem
puder, pois a roubalheira é grande e a polícia faz tempo que passou por lá. É
cada vez mais real o ditado dos agricultores nos movimentos populares: “se o
campo não planta, a cidade não janta”. Cada vez se planta menos pois não há
como cultivar a terra.
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