A
edição da medida provisória 579 em 11/9/2012, que trata da renovação das
concessões do setor elétrico e da redução de preços nas tarifas de energia,
depois transformada em Lei 12.783/2013, pelo governo federal, atingiu em cheio
a Eletrobrás, que controla a maior parte do parque gerador de energia elétrica
do país.
Com
a desastrada intervenção do governo em nome da boa causa do corte das tarifas,
os efeitos resultaram em um prejuízo de R$ 6,8 bilhões em 2012, o maior da
história da empresa; depois de sucessivos anos positivos da estatal, que em
2011 lucrou R$ 3,7 bilhões.
Este
modelo adotado para diminuir as tarifas e a renovação das concessões reduziu
drasticamente a receita das empresas a valores que comprometeram a capacidade
de investimento e a qualidade dos serviços oferecidos, como também pôs em risco
a reconhecida competência técnica do setor. Os cortes de receita refletirão
diretamente em corte de pessoal. Ou seja, a competência acumulada pelo setor em
anos será dissolvida, como exemplos já vistos de outros setores que acabaram
sendo privatizados.
Durante
a apresentação do Plano Diretor de Negócios e Gestão da companhia, em 28/3, o
presidente da Eletrobrás afirmou que espera a adesão de 5 mil, ou seja, 18,5%
dos 27 mil funcionários da estatal ao Plano de Incentivo ao Desligamento, que
será implantado nas empresas da holding. O plano de desligamento é uma das
iniciativas previstas pela companhia para reduzir custos. Para 2013, a meta
será de 20%, mas esse percentual será aumentado para 30% nos próximos três
anos. Para a execução do plano foi alocada a importância de R$ 2,4 bilhões,
incluindo R$ 380 milhões em despesas com planos de saúde.
No
caso da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), empresa da maior
importância para o Nordeste, não só pela geração de energia elétrica, o
esvaziamento será grandioso. A companhia alcançou um lucro líquido
em 2011, próximo dos R$ 2,2 bilhões de reais, e em 2012 teve um prejuízo
recorde de R$ 5,3 bilhões em decorrência de ajustes contábeis por conta da
renovação das concessões com vencimento em 2015, será literalmente desmontada.
O
Plano de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV), como é chamado o corte de
pessoal para enxugamento da folha de pagamento, que gira hoje em torno de R$
900 milhões/ano, será implementado a partir do dia 6/6/2013, e ao longo de
2014. É prevista assim uma economia da ordem de R$ 200 milhões/ano. A
direção da estatal está confiante que “contribuirá” com a redução de pessoal do
grupo Eletrobrás afastando de seu quadro de funcionários em torno de 30%, dos
5.737 funcionários existentes (abril de 2012).
O
que está acontecendo hoje com o grupo Eletrobrás, e com suas empresas que detém
a liderança na geração e transmissão de energia elétrica no Brasil com a
redução dos custos operacionais, incluindo o desligamento de funcionários,
entre outras medidas tomadas é o “modus operandi” que foi adotado na
privatização das empresas estatais. Portanto, o atual governo federal caminha a
passos largos no processo de privatização de mais um patrimônio do povo
brasileiro. Quem viver verá.
Heitor
Scalambrini Costa
Professor
da Universidade Federal de Pernambuco
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